PEDRO I E O PALÁCIO MAÇÔNICO DO LAVRADIO

 

Embora tenha, a Maçonaria brasileira, se iniciado em 1796 com a Loja Areópago de Itambé fundada por Manoel Arruda Câmara, ex-frade carmelita, na raia das províncias de Pernambuco e Paraíba, e em 1797 com a Loja Cavaleiros da Luz, criada na povoação da Barra, em Salvador, Bahia, e ainda com a Loja União, em 1800, sucedida pela Loja Reunião em 1802, no Rio de Janeiro, só em 1822, quando a campanha pela independência do Brasil se tornava mais intensa, é que iria ser criada sua primeira Obediência, com Jurisdição nacional, exatamente com a incumbência de levar a cabo o processo de emancipação política do país.

Criado em 17 de junho de 1822, por três Lojas do Oriente do Rio de Janeiro, a Commercio e Artes na Idade do Ouro (fundada em 15/11/1815), a União e Tranqüilidade; e a Esperança de Niterói (resultantes da divisão da primeira e fundadas em 21/06/1822), o Grande Oriente Brasileiro teve, como seus primeiros mandatários José Bonifácio de Andrada e Silva, ministro do Reino e de Estrangeiros e Joaquim Gonçalves Ledo, Primeiro Vigilante.

Em 2 de agosto de 1822, por proposta de José Bonifácio, é iniciado o Príncipe Regente, D. Pedro I, adotando o nome histórico de Guatimozim, e passa a fazer parte do Quadro de Obreiros da Loja “Comércio e Artes”. No dia 5 de agosto, por proposta de Gonçalves Ledo, que ocupava a presidência dos trabalhos, foi aprovada a Exaltação ao Grau de Mestre Maçom que possibilitou, posteriormente, em 4 de outubro de 1822, numa jogada política de Ledo, o Imperador ser eleito e empossado no cargo de Grão-Mestre, do Grande Oriente do Brasil, substituindo José Bonifácio.

D.Pedro I, após a Independência do Brasil, em 1822, governa o império aos trancos e barrancos até 1831, quando, instado pelos graves fatos ocorridos em Portugal (a deposição de sua filha e a usurpação do trono português por seu irmão, D. Miguel e paralelamente, pressionado pela insatisfação popular capitaneada pelos Liberais, que temiam um retrocesso no Brasil), abdica do trono brasileiro em 07/04/1831, em favor de seu filho, então com 5 anos de idade. Inicia-se então, o período mais turbulento de nossa História, a Regência.

 D.Pedro parte para Portugal em 1831 e nunca mais põe os pés no Brasil. Em 23/11/1831, retorna as atividades o Grande Oriente do Brasil (entidade sucessora do Grande Oriente Brasiliano extinto por D.Pedro I em 21/10/1822). Em 1834 D.Pedro I morre em Portugal

As Lojas Comercio e Artes, União e Tranquilidade e Esperança de Niterói funcionavam nesta época na Rua Conde d’Eu (depois rua do Conde, atual Mem de Sá), pois o terreno onde localiza-se hoje o Palácio Maçônico do Lavradio foi comprado em 1836 pelo ator português Vítor Porfinio de Borjas, para nele construir o teatro de sua companhia; não conseguindo terminar a obra por falta de recursos, cedeu o prédio às Lojas Maçônicas em 1840. Até este momento, o Palácio encontrava-se sendo erguido, ainda como um futuro teatro, sendo então adaptado ao novo projeto de tornar-se o maior centro de Lojas Maçônicas do RJ e do Brasil.

Somente em junho de 1842, com a inauguração do Palácio Maçônico, as lojas que fundaram o Grande Oriente do Brasil, dentre outras, passaram a funcionar na Rua do Lavradio nº 97, mesmo período em que ocorreu a instalação do GOB neste mesmo prédio.

Para simples efeito informativo, as Lojas passaram a ocupar o prédio do Lavradio, depois de perambular por vários endereços: Rua Nova do Conde, Rua do Lavradio (em outra casa, no começo da rua), Rua Nova do Ouvidor, Rua de S. José e Rua dos Ciganos.

Diante dos fatos narrados,  onde podemos afirmar com toda certeza que: D. Pedro I nunca entrou no Palácio do Lavradio seja para iniciar ou para assistir qualquer outro tipo de reunião.

 Ary Vieira Martins Junior

M.·.M.·.

CIM: 248.165